Poesia




Se pensas…

Se pensas
Que sou o azul dos olhos teus
Que teu olhar me invade
E que minha alma chora,
Se pensas

Que o teu mundo é um doce canto
Que com encanto
Ri e penetra em mim até ao pranto,

Se pensas
Que lá longe no horizonte
O meu olhar implora
Que entres no meu mundo
Até ao fundo,

Se pensas
Que a nuvem que cruza o mar
E o azul do céu
Te está a chamar como se foras meu
E como o sol pela tardinha se estendeu
Como se fosse tua,

Como gaivota que sou
Te vou dizer
Que a saudade soou
E a liberdade chegou
Quando surgiu a lua…

Rosa Maria Santos





Empresta-me as palavras
 
Empresta-me as palavras
Que ás vezes me fazem sofrer,
Me fazem delirar,
Empresta-me as palavras,
Não faças delas escravas,
Deixa-as deslizar
Livres e soltas,
Sem mágoas ou revoltas
Em direção ao mar!
 
Empresta-me as palavras,
Pedaços de mim,
Lágrimas de sangue
Neste corpo exangue
Por onde te vais
Em cada alvorecer,
Abafadas em silêncio,
Presas por castigo
Não as deixes morrer,
Deixa-as voar,
Deixa-as comigo!
 
 
Empresta-me as palavras,
Transforma-as em amor,
Para que a dor
Não vá mais voltar!
Deixa-me soletrar
A palavra amar
E assim adormecer
No teu imenso mar…
… E renascer!
 
Empresta-me as palavras,
Deixa-as voar no firmamento
E ali ficar
Além da eternidade,
Além do tempo
Do tempo de te amar
Cada momento!
 
Rosa Maria Santos

 

 
 



Para além…
 
As linhas do infinito
Quantas serão?
Será que as podemos trilhar
Num sonho, ou mesmo a caminhar?
 
É uma incógnita talvez!
Na vida sejamos premiados
Com uma série de incertezas
Todos os dias que nos deitamos!
 
E por mais caminhadas que fizermos
Chegamos a uma conclusão:
Com a morte nos deparamos
Essa é a grande lição!
 
Olhamos o infinito e sonhamos
Temos asas e voamos
Na realidade o nosso pensamento
Esta presente enquanto viajamos.
 
E sorrimos para o mundo,
No verde sentimos esperança
E belo, o mais profundo,
Nos impele a caminhar em segurança.
 
Fecho os olhos para ver,
O arco-íris, a bonança,
O meu sonho, o meu querer,
O voltar à minha infância!
 
Rosa Maria Santos

 

 

Alvor

O meu subconsciente
Está liberto
Como uma borboleta
Que voa numa manha de primavera
Nesta tua ausência cheia de quimera.
 
Torna-se livre e voa
Cheia de esperança
Procurando a criança
Que um dia fui e voltarei a ser
No meu novo alvorecer!
 
E voo pelo infinito
Se o coração me bate eu grito
Respiro o amanhecer
Como se fosse perecer!
 
Olho o horizonte
As estrias de felicidade
Tão belas ao sol-pôr
Saudade, na saudade
Respiro liberdade
E solvo com fulgor
Gotas de alvor!
 
Rosa Maria Santo

 
 



Alma de pintor
 
Pintou a sua essência numa tela
Em cores várias, rosa e amarela
E quando terminou, ficou a olhar
Rejubilando, e a alma a ver pintar.
 
Olhou, sentiu em si felicidade,
Sorriu e viu a sua liberdade
Naquela tela agora alicerçada
Na sua obra ainda inacabada.
 
Olhou o céu azul, como a sorrir,
Seguindo cada traço que ao surgir
Fazia palpitar seu coração
Tão cheio de volúpia e emoção.
 
Na sua tela de silêncios feita
A imagem colorida, tão perfeita,
Que num tão curto espaço faz presente
O génio tão fecundo de sua mente!
 
Rosa Maria Santos








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